Apresentando o Projeto


Personalidades paraibanas


O Nordeste é um celeiro de grandes nomes, dos quais, infelizmente, pouco se fala. São intelectuais, políticos, artistas dos mais diversos ramos da criação nascidos nestas plagas ensolaradas que conquistaram com esforço e bravura um lugar na história e que, fora das nossas fronteiras, essas figuras são largamente estudadas e aplaudidas.

As nossas escolas precisam, pois, conhecer os seus heróis de carne e osso e, na pretensão de preencher tal lacuna, temos escrito plaquetes, muitas vezes já em forma de cordel ressaltando alguns traços desses personagens. O que vínhamos fazendo por nossa conta e risco tem agora a aquiescência e a sensibilidade do Ministério da Cultura e do Banco do Nordeste do Brasil, estes se revelando por sua vez, como entes visionários, Leitmotiv no âmbito cultura, esboçando interessantes diretrizes para o nosso desenvolvimento nacional num contexto de globalização. Suas visões não têm apenas forjado suas políticas institucionais e internas mas vem promovendo sobre o mundo empresarial e sobre as políticas públicas, notadamente sobre os âmbitos da cultura e da arte. Quem investe em cultura tem retorno garantido e, toda empresa com mentalidade século XXI, cada vez bem mais, sabe disso.

Para construir projeto memorialístico dessa magnitude e tão necessário a valorização da nossa cultura e ao fortalecimento do nosso povo, nos debruçamos sobre amplo e maravilhoso acervo, para – feito barro nas mãos do oleiro - moldá-lo, sob a égide do frondoso universo da poesia popular, e apresentarmos nomes tão singulares quanto poderosos que o nosso Estado fartamente vem produzindo ao longo de séculos.

O presente projeto agora em sua nova versão nos apresenta a grandiosidade de nomes como os de João Pedro Teixeira, por ser este um dos primeiros mártires dos conflitos agrários no Nordeste; Félix Araújo, que sendo soldado raso nos campos da Itália, instigava seus pares à vigilância da democracia então ameaçada; o gênio de Celso Furtado que foi certamente um dos economistas brasileiros mais conceituados do mundo, no entanto tão pouco comemorado no seu país e muito menos no seu Estado. O projeto apresenta ainda poetas como Manoel Camilo dos Santos, autor do onírico clássico Viagem a São Saruê; o genial guerreiro da cultura Ariano Suassuna; o multi-instrumentista Sivuca; Zé da Luz com a projeção de um Brasil matuto; Antonio Bento exímio crítico de arte e personagem paraibano na obra Macunaíma de Mário de Andrade; Melo Leitão o fundador da aracnologia na América do Sul; Pinto do Monteiro, um dos maiores vates da viola nordestina; Margarida Maria Alves, expressão de ponta no reclame pela justiça camponesa; Anayde Beiriz, poetiza que influiu sobre a revolução de trinta na Paraíba; mais ainda expoentes como Zé Lins, Zé Américo, Pedro Américo, Augusto dos Anjos, e mais um montão de paraibanos, uns com certa evidência, outros habitando na penumbra, quando não, no breu do esquecimento que aqui estão lembrados no cordel e na xilo-gravura de Josafá de Orós.

Com este projeto lançou-se apenas uma ideia e uma provocação. Em algum momento haverá a Paraíba de dignar-se a desenvolver robusto programa memorialístico estadual evidenciando as grandes presenças paraibanas através das suas pontuações originais, dos seus extraordinários feitos, quando não também de suas presenças graciosas e pitorescas, pelos elementos simples que nos engrandecem enquanto povo.

O Ministério da Cultura e o BNB quando se juntam nesse esforço demonstram que nunca é tarde para salvar a pátria pela cultura, e, no cumprimento de seus papéis de incentivadores oferecem dignidade à formação do nosso povo, tão assediado pelo exógeno e, cada vez mais, carente de alma própria.

Josafá de ORÓS
Coordenador do Projeto